Há algum tempo que procuro um velho amigo.
Sempre soube que costuma recolher-se em determinados lugares sagrados da Ordem.
Por isso procurei-o em todos os templos dedicados a Santa Maria.
Encontrei-o recentemente, contemplando em silêncio a imagem de São Miguel dominando o dragão.
Sentei-me em silêncio ao seu lado e saudei-o.
- Estás bem? Há quanto tempo Irmão...
- Há demasiado tempo... como deste comigo?
- Sempre tive a esperança de um dia te encontrar numa das Casas de Maria.
- Também o é de João e de Miguel, não te esqueças. Como estão os outros Irmãos?
- Reunimos regularmente. Todos sentem a tua falta.
Deixou-se ficar em silêncio, pensativo.
Depois baixando a cabeça acrescentou baixinho...
- Sabes que sempre fui contra a decisão de nos expormos. Há muita coisa que nunca será entendida fora do círculo interno. Muito menos o será no exterior da Ordem. Queres um exemplo? Olha para a figura de Miguel ali representado a matar o dragão. O dragão que sempre caminhou fielmente ao seu lado e que é afinal a sua própria sombra. Como tiveram a coragem de adulterar tal simbolismo?
- É preciso dar a conhecer esta e outras verdades também aos Irmãos que estão lá fora. Temos o dever de lhes contar a verdade...
- A verdade? E quem está hoje interessado na nossa Verdade? Todos procuram a verdade, mas a deles. A que lhes convém. Aquela que mais se ajusta aos seus interesses. Como lhes vais contar a verdade de Miguel? A de Maria e a de João? A da própria Ordem? Alguém te dará ouvidos e entenderá essa Verdade? Olha para todas estas figuras aqui representadas. Tu e eu sabemos quem realmente são. Tenta revelar a verdade e serás no mínimo tomado por louco.
- Alguém irá ouvir-nos. Tenhamos essa esperança.
Meneando a cabeça ligeiramente levantou-se devagar e colocou paternalmente a sua mão no meu ombro.
- Pode ser que sim. Isso seria sem dúvida um verdadeiro milagre... O nosso mundo está a desaparecer, Irmão. Estão a perder-se os valores fundamentais pelos quais tanto lutámos mas a que ninguém dá valor. Sabes, sinto-me cansado. Mas tal como tu não vou desistir, se é isso que estás a pensar.
Estarei sempre contigo, com todos vós, e com todos eles.
Agora deixa-me ir ...até à próxima, Irmão.
E afastou-se com um visível pesar.
Irmão, companheiro, Cavaleiro acompanhado da sua fiel sombra que num último vislumbre me pareceu tomar a forma volátil de um dragão.
Até à próxima Miguel...
Sempre soube que costuma recolher-se em determinados lugares sagrados da Ordem.
Por isso procurei-o em todos os templos dedicados a Santa Maria.
Encontrei-o recentemente, contemplando em silêncio a imagem de São Miguel dominando o dragão.
Sentei-me em silêncio ao seu lado e saudei-o.
- Estás bem? Há quanto tempo Irmão...
- Há demasiado tempo... como deste comigo?
- Sempre tive a esperança de um dia te encontrar numa das Casas de Maria.
- Também o é de João e de Miguel, não te esqueças. Como estão os outros Irmãos?
- Reunimos regularmente. Todos sentem a tua falta.
Deixou-se ficar em silêncio, pensativo.
Depois baixando a cabeça acrescentou baixinho...
- Sabes que sempre fui contra a decisão de nos expormos. Há muita coisa que nunca será entendida fora do círculo interno. Muito menos o será no exterior da Ordem. Queres um exemplo? Olha para a figura de Miguel ali representado a matar o dragão. O dragão que sempre caminhou fielmente ao seu lado e que é afinal a sua própria sombra. Como tiveram a coragem de adulterar tal simbolismo?
- É preciso dar a conhecer esta e outras verdades também aos Irmãos que estão lá fora. Temos o dever de lhes contar a verdade...
- A verdade? E quem está hoje interessado na nossa Verdade? Todos procuram a verdade, mas a deles. A que lhes convém. Aquela que mais se ajusta aos seus interesses. Como lhes vais contar a verdade de Miguel? A de Maria e a de João? A da própria Ordem? Alguém te dará ouvidos e entenderá essa Verdade? Olha para todas estas figuras aqui representadas. Tu e eu sabemos quem realmente são. Tenta revelar a verdade e serás no mínimo tomado por louco.
- Alguém irá ouvir-nos. Tenhamos essa esperança.
Meneando a cabeça ligeiramente levantou-se devagar e colocou paternalmente a sua mão no meu ombro.
- Pode ser que sim. Isso seria sem dúvida um verdadeiro milagre... O nosso mundo está a desaparecer, Irmão. Estão a perder-se os valores fundamentais pelos quais tanto lutámos mas a que ninguém dá valor. Sabes, sinto-me cansado. Mas tal como tu não vou desistir, se é isso que estás a pensar.
Estarei sempre contigo, com todos vós, e com todos eles.
Agora deixa-me ir ...até à próxima, Irmão.
E afastou-se com um visível pesar.
Irmão, companheiro, Cavaleiro acompanhado da sua fiel sombra que num último vislumbre me pareceu tomar a forma volátil de um dragão.
Até à próxima Miguel...
+ Fr. João de
Avis +